Pois é, apesar de algumas pessoas dentro do movimento comunista associarem essas conquistas ao Comunismo, elas vão muito mais além. (Talvez se conquistas populares fossem muito mais ligadas ao povo e não a movimento X ou Y, iríamos muito mais além.) Essa conquista é simbolizada sobretudo por dois grandes acontecimentos na História do Trabalho: A Revolta de Haymarket em 1886, em Chicago nos EUA e A Greve Geral de 1917 em São Paulo, no Brasil.
RESUMO DOS TEMAS — A REVOLTA DE HAYMARKET
Oito trabalhadores foram condenados e executados em 1886 por liderarem e ajudarem a conduzir sucessivas greves e manifestações em busca da redução da jornada de trabalho num contexto em que a indústria obrigava os funcionários a cumprirem cargas escruciantes.
Os Mártires de Chicago foram oito trabalhadores que foram enforcados em 1887 por liderarem um movimento de greve que reivindicava a redução da jornada de trabalho de 12 para 8 horas diárias.
As manifestações atingiram Nova Iorque, Detroit, Winsconsin, Chicago e reuniam de 30 mil a 40 mil grevistas em cada cidade, acompanhados pelo dobro de pessoas que apoiavam o movimento. O lema era “8 hours labour, 8 hours recreation, 8 hours rest.” 8 horas de trabalho, 8 de lazer e 8 para descanço.
Esse evento deu origem ao 1° de maio, o DIA DO TRABALHO através de uma proposta que a Federação Americana do Trabalho propôs a Internacional Socialista. (Referência para muitos países, inclusive o Brasil onde os governantes da época como Arthur Bernardes roubaram o mérito da criação da data, é importante lembrar que nos Estados Unidos ATÉ
HOJE essa data não é reconhecida! O Dia do Trabalho foi alocado para outra data justamente pra omitir a Revolta do 1° de Maio de 1886).
A GREVE GERAL DE 1917
A Greve Geral de 1917 foi marcou o auge de sucessivas greves ocorridas em São Paulo desde 1907, durante a chamada República Velha. A intensa industrialização da cidade de São Paulo que trouxe a necessidade da substituição da mão de obra escrava pela mão de obra assalariada trouxe imigrantes europeus, sobretudo milhões de portugueses e italianos
na década de 1880 devido a condições precárias que estavam passando. O que a coroa portuguesa na época não sabia, no entanto, da intensidade e periculosidade do Movimento Operário que surgiu e se espalhou com ferocidade no contexto da Revolução Industrial, e que a ideia de organização sindical e trabalhista presentes nos jornais operários trariam a
bomba do pensamento Anarquista e Socialista. Daí que com a crescente industrialização, sobretudo da cidade de São Paulo no início da década de 1900, que levou a muitos das famílias europeias debandarem das zonas rurais para se empregarem em profissões nas cidades paulistas, tendo resultado no mesmíssimo efeito que teve a Revolução Industrial na
Europa, ou seja, moradias precárias, baixos salários, a jornada de trabalho estafante, a absoluta falta de garantias de leis trabalhistas, como descanso semanal, férias e aposentadoria, insalubridade geral e sem remuneração, zero direitos a tratamentos hospitalares em caso de acidente e ausência de seguro de vida, trabalho infantil por ser uma mão de obra mais barata, crianças com 7 anos de idade que se mutilavam em máquinas que não foram feitas para elas trabalharem, e só piora!
CONCLUSÃO:
Não haviam alternativas! Com um contingente de 30 a 40 mil pessoas aderindo as greves antecessores, em 1917 São Paulo viu 70 mil trabalhadores em greve tendo como única pauta o fim dessas atrocidades e, claro, o fim de jornadas escruciantes para um teto de 8 horas trabalhadas!
Segundo a historiadora Angela Gomes, os anarquistas foram “praticamente a única força organizadora do movimento operário na Primeira República, detendo o monopólio de uma proposta revolucionária de ação coletiva”
Toda essa luta Anarquista teve um impacto internacional imenso, sendo que a primeira convenção da Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 1919 estabeleceu a jornada de oito horas e 48 horas semanais e hoje é estabelecido por lei no Brasil inteiro pela Consolidação das Leis Trabalhistas estabeleça um limite de 8 horas trabalhadas para o
trabalhador.
Pra finalizar eu deixo um trecho do jornal anarquista VOZ DO POVO, um dos porta vozes que contribuiu para que hoje trabalhássemos 8 horas por dia:
“A anarquia é a forma política necessária do socialismo, assim como este é a base econômica indispensável para o funcionamento […] da anarquia.”
REFERÊNCIAS
https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/arquivo-s/ha-100-anos-greve-geral-parou-sao-paulo
https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2023-04/greve-que-antecedeu-clt-teve-participacao-fundamental-de-mulheres
https://www.jusbrasil.com.br/artigos/a-formacao-do-direito-trabalhista-no-brasil-clt-licc-e-movimentos-sociais/541054302
https://www.historia.uff.br/stricto/td/1142.pdf
https://www.cut.org.br/artigos/o-que-levou-a-primeira-greve-geral-no-brasil-em-1917-f605
https://brasil500anos.ibge.gov.br/territorio-brasileiro-e-povoamento/italianos/razoes-da-emigracao-italiana.html