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A HISTÓRIA DA POLÍTICA

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Política não se discute,

é uma guerra de opiniões, sempre acaba em briga! Todo mundo sabe, é uma máfia lá em Brasília e todo mundo só pensa no próprio lucro! É o que eu penso! Você também pensa assim? Então vem cá..
Política é mais simples do que parece, mas não é exatamente uma “guerra de times” pra ver qual político de estimação é melhor. O que eu disse ali no início é tudo verdade! Então por que tenho um partido político? Por que eu voto? Porque é importante! Mesmo com toda essa sujeira? Sim, mesmo com toda essa sujeira.

“A liberdade guiando o povo”, pintura de Delacroix.

Nós vivemos no Capitalismo. Eu não te vendo uma bala se falar que ela “faz bem”, se eu falar que tenho a maior boa intenção do mundo e provar por A+B como você vai aproveitar horrores se comprar meu produto. Eu te faço comprar com “propaganda”, eu aumento as qualidades do produto, eu devo ser persuasivo! Então primeiro: Política é propaganda! Mas sempre foi assim?

Podemos não gostar de política, mas a partir do momento que não existe voto e um grupo X de pessoas é que escolhe o governante, somos os primeiros a nos revoltar. Não fazemos nada, não partimos pra ação, mas garanto que o ódio com o governo aumentaria de forma drástica. Mas vamos voltar um pouquinho mais! “Ditadura” é uma ideia moderna! Antes, quando o povo não elegia seu governante era apenas o dia a dia normal, tínhamos um rei e só vira rei quem é filho do rei. O dia que essa “ditadura da monarquia” que a gente aprende na escola como “monarquia absolutista” passou a abusar desse privilégio, o povo pegou em armas. Matamos o rei. Não tínhamos mais um rei, não vivíamos mais uma “monarquia”, agora seríamos uma “república” e, pra representar o chefe de estado seria o Presidente.

A grande briga desde esse lance que houve na França sempre foi: o cara que vai ficar na presidência vai representar quem? Nessa altura do campeonato, a sociedade estava bem dividida: nobres e ricos aristocratas, artesãos ambulantes, comerciantes, pequenos empresários, servos, funcionários, trabalhadores do campo, missionários da Igreja Católica.. enfim, existia realmente uma “sociedade”, diversificada em grupos e funções. Quando houve a Revolução a causa era de todos, o benefício seria de todos! Mas quando a Revolução aconteceu.. quem ficaria com as maiores e as menores fatias do “bolo”? O Bolo, nessa metáfora, é a nação, o trabalho e as suas riquezas.

Quando nasce a República, essa mesma que nós vivemos, nós entramos oficialmente na Idade Moderna. A Modernidade já existia: já tínhamos explorado os mares e observado os astros, já tínhamos catalogado os animais e várias doenças. Mas ainda faltava uma coisa: A própria sociedade mandando em si mesma, não um rei. O Presidente e o Parlamento não mandam, representam! E aí que nasce a nossa revolta. Político é tudo igual? Quem representa, representa aqueles que mandam. Alguém tinha que ficar com as melhores fatias do bolo.

Antes mesmo de botarem a cabeça do rei pra rolar, antes mesmo de imaginar que íamos ficar revoltados com políticos egoístas e idiotas, os cientistas políticos da época já afirmavam com plena certeza: A Modernidade nasceu fracassada! Porque na época em que existiam inúmeros projetos de como as coisas deveriam funcionar, era um problema na prática. Por que? Porque já existia uma sociedade, já existiam grupos com seus respectivos interesses! E antes que se pudesse pensar em uma solução, abracadabra, a Modernidade já estava ali! E qual dos projetos venceu o concurso? Bom, aquele que servia melhor os interesses dos segundos privilegiados na linha de sucessão seguinte a monarquia: aqueles que tinham as riquezas e aqueles que as queriam, os herdeiros da nobreza e os pioneiros da exploração de novas riquezas, a burguesia! Servia melhor os interesses? Servia! Dava as melhores fatias do bolo pra um grupo minoritário de pessoas? Absolutamente, mas como falei, não era perfeito. A Modernidade nasceu fracassada e logo apareceriam suas “contradições”, que é justamente aquilo que falei bem no início: sempre acaba em briga, mas por quê? Porque o que é contraditório, o que não faz sentido trás exatamente esse resultado: o conflito.

Você está triste com a política no Brasil atualmente? Não se preocupe, não é apenas você! E mais do que isso, não é um sentimento atual, é um sentimento clássico! As gerações passadas e todos aqueles que presenciaram de alguma forma os problemas da modernidade também sentiram a mesma coisa! E a solução pra isso? Não vou mentir, estamos perdidos, e da mesma maneira os camponeses da França revolucionária estavam perdidos quando sabiam que os girondinos não estavam ali pra defender os interesses dos trabalhadores do campo!

Talvez, na cabeça de alguém que passou a vida sofrendo havia até mesmo dúvida se seria melhor viver numa República ou numa Monarquia, não importando as diferenças gritantes entre uma e outra. No presente passamos por isso com Bolsonaro ou Lula.

Eu mesmo não sei dizer qual o objetivo de tudo isso e o que devíamos fazer agora, mas a experiência pessoal de cada um é a melhor professora de todas: nem eu e nem você gostamos, aliás, nós odiamos contradições! Se uma tomada não entra a gente teima até encontrar a solução, e é essa mensagem que eu quero passar. O conflito não existe pra causar desânimo e angústia, ou a sensação de que tudo está perdido e não podemos fazer nada. Uma criança pode tentar resolver o problema da tomada e, diante do fracasso, desistir. Mas ela desiste por dois motivos: a) Não tem estrutura ainda pra entender e formular novas soluções e b) não tem estrutura pra compreender o motivo do fracasso. O conflito numa mente imatura gera fuga, autodefesa, desespero por proteção, mas na mente adulta e experiente gera criatividade e projeção de novas formas de solucionar um problema! Hoje nós temos uma idade certa pra separar a vida adulta, mas pouco antes daquela época um tal de Kant trouxe exatamente essa ideia pra separar a mente infantil da mente adulta: a maioridade vem com a capacidade de assumir autonomia diante de novos problemas. Compreender, entender, solucionar, jamais fugir!

Mas voltando ao início, novamente, pra provar o quanto é que você tem razão em tudo o que pensa, o que estamos vivendo e outras gerações viveram não é um cenário nada otimista.

As contradições existem, elas se mostram cada vez mais exageradas e reais e, portanto, provocam a revolta e a necessidade de mudança. Mas pra que a Modernidade “parecesse” dar certo, (quando na realidade ela só dá certo pra alguns!) foi necessário a manutenção de um detalhe na estrutura da sociedade: Ficaram com as melhores fatias e, da mesma maneira que o rei foi guilhotinado, as classes dominantes poderiam perder os seus privilégios, afinal, é isso que a contradição indica que vai acontecer!

Sabendo disso, pois não foram nada bobos, foi necessário a manutenção de um “Enclave”. Mas o que seria isso? Sabe quando você tem uma reclamação de um determinado serviço, digamos, bancário, e pedem que você escreva um enorme formulário pra formalizar a reclamação, e pedem que entregue num horário específico, pedem, ainda, que entregue na agência a qual você é filiado, e que depois de tudo isso aguarde até 30 dias pra obter uma resposta que você precisa buscar na mesma agência, e a maneira como vem escrita é de um modo que cause todo desânimo do mundo e, prestem bastante atenção nessa palavra, impotência diante do problema? De forma mais didática: quando você é obrigado estudar dentro do ensino público sabendo que as informações necessárias pra que você não seja um simples ajudante geral e tenha um cargo melhor simplesmente não chegam até você? Esses são os enclaves, e eles não existem por acaso. São projetos discutidos previamente e construídos para dificultar o acesso da maior parte da população às melhores fatias do bolo. Veja bem: quando o trono do rei ficou vazio, os primeiros a correr pra sentar nele se apropriaram da mesma estrutura de poder, usando ela em favor próprio e se tornando novos “reis” sob o codinome de uma hipotética República. Os que chegaram primeiro se sentaram a direita. Os que conseguiram entrar no palácio antes de subirem a ponte levadiça sentaram á esquerda. E o povo ficou para fora. Agora leia novamente imaginando que o castelo representa saúde, moradia e boa alimentação. Entende onde viemos parar? A nossa tristeza e angústia em cima da política não é porque não podemos fazer nada, mas porque nos sentimos impotentes quando uma determinada classe é capaz de nos colocar dentro de enclaves, de labirintos, de prisões onde nos vemos incapazes de fazer algo a respeito a não ser aceitar o pão de cada dia que, graças a Deus, não falta. Mas não somos de modo algum impotentes e só acreditamos que não podemos fazer nada porque foram construídas situações pra que acreditássemos nisso.

Política não se discute! Não vamos discutir qual lado é melhor, vamos entender como funciona! Se estamos cercados de enclaves, o que podemos fazer? E se não fossem esses enclaves? Temos alguma alternativa? Existe um caminho que nos permita reinvindicar as melhores fatias do bolo para nós? Mas se estão trancafiadas pela classe dominante, como isso seria possível? Essas perguntas, exemplo que nos dão a possibilidade de entender que a Política só no diz uma coisa: a Modernidade fracassou, mas a modernidade aos moldes da classe dominante também! Os enclaves não são perfeitos, podem ser contornados, derrubados, destruídos! A sensação de impotência pode minar. A timidez ao falar sobre política pode dar lugar a uma conversa sem tabus sobre algo que somos capazes de entender e de lidar como adultos. A angústia diante do cenário político pode virar a ser como uma doença séria devidamente tratada, com esperança mas sem a idolatria de um otimismo infantil. As brigas e o medo do conflito podem significar que existe algo a ser mexido, melhorado, e aqueles que se recusam a mudança podem ficar com suas birras infantis sem que nós tenhamos medo de usarem força bruta pra conter os avanços do povo!

Se eu puder usar uma palavra pra resumir aonde quero te levar: coragem! A Modernidade fracassou, mas com esse fracasso veio também a tragédia e a crueldade de uma sociedade autodestrutiva, que se consome e mata seu próprio povo. O cenário não é bonito e a mudança não deve ser jamais esperada. Não quero que sejamos capazes de agir com intuito, mas que sejamos simplesmente capazes de agir! Ação direta! É o que peço a todos vocês, talvez assim sejamos capazes de trazer a nitidez de que o povo precisa pra enxergar que existe uma alternativa e um novo caminho a ser trilhado onde possamos enterrar a Modernidade Burguesa junto com os ossos da Monarquia Absolutista.

Viva o novo aeon.

Ass, O futuro rei filósofo, 9 de Novembro de 2023.